10 tendências de tecnologia e negócios para 2023
Integração de IA aos processos do negócio, democratização da análise de dados, conquista de eficiência digital, engajamento por superapps e metaverso, crescimento do AI TRiSM: entenda as tendências que vão movimentar as companhias em 2023
2023 nasce com a promessa de ser menos turbulento e mais lucrativo do que o longo ano de 2022. A Organização Mundial da Saúde espera declarar o fim do estado de emergência da pandemia de covid-19, caso a situação na China não se agrave. O volume de fusões e aquisições pode crescer até 20% no mundo, com a América Latina assumindo maior protagonismo entre os mercados emergentes. E há um mar de oportunidades digitais crescendo na Web 3.0.
Para Claudio Chauke, vice-presidente de serviços executivos do Gartner, as empresas terão mais desafios, mas também mais oportunidades em 2023. “Os desafios não virão apenas das metas estabelecidas pelos CEOs, ou dos avanços tecnológicos. Também serão gerados pelas transformações sociais e econômicas”, diz ele. Pesquisa global recente feita com CEOs pelo Gartner indica ainda uma forte preocupação com sustentabilidade, inflação e com formas de atrair e reter talentos.
“A grande oportunidade é saber selecionar estrategicamente forças que têm o poder multiplicador. Ou seja, ter a habilidade para identificar necessidades, selecionar tecnologias e definir prioridades para investimentos responsáveis, que levem em conta a segurança cibernética e a necessidade de inovar sempre”, afirma Chauke.
Na opinião de Breno Barros, CTO da Falconi, criatividade e eficiência serão fundamentais para quem quiser se manter em alta no ecossistema de inovação neste ano. “Com menos recursos, as empresas terão de ser extremamente criativas para manter ou gerar mais valor do que vinham gerando até 2022. Certamente, a eficiência no uso de capital norteará a inovação e boa parte das decisões dos times”, diz Barros.
A partir dos dados fornecidos pelos especialistas, Época Negócios selecionou as principais tendências em tecnologia e negócios para 2023.
1. Costumer centricity na prática
Apesar de não ser nova, a tendência deve se consolidar neste ano, com mais empresas finalmente colocando em prática o conceito. “Quantas vezes ouvimos os empresários dizerem: ‘A minha empresa tem dois clientes, o interno e externo’. Está errado”, afirma Breno Barros, da Falconi. A empresa, diz ele, tem apenas o cliente externo, que consome seus serviços e produtos. Os demais são usuários dos processos. Por isso, todas as áreas precisam ter esse único cliente no centro. “Isso fará com que evitem erros e viabilizem ações focadas nas dores reais da jornada dos consumidores”, afirma Barros.
2. Integração da inteligência artificial aos processos do negócio
Para Breno Barros, da Falconi, o uso estratégico da inteligência artificial será fundamental para resolver os desafios de 2023, como a necessidade de geração de valor para o mundo real e a escassez crônica de mão de obra qualificada. “Acredito que avançaremos em algumas tendências, como a integração dos modelos de IA aos processos de negócio, garantindo uma visão conjunta de gestão, pessoas e tecnologias”, diz. O impacto sobre os aspectos regulatórios e sobre a operacionalização de modelos das companhias também será intenso. “Tudo isso dentro de um cenário de mercado globalizado, trabalho remoto, alta procura por profissionais dedicados e consolidação da temática de IA em cursos formais no Brasil e no mundo.”
3. A conquista da eficiência digital
2023 abrirá um novo capítulo para as empresas, que finalmente alcançarão a eficiência digital, afirma Cesar Gon, CEO da CI&T – que adquiriu a consultoria Box 1824. “Na busca pela inovação, as empresas vêm aumentando drasticamente seus investimentos em tecnologia e montando equipes multifuncionais em um ritmo sem precedentes. Isso vem acompanhado de uma explosão de novos conceitos e tecnologias, como mobilidade, computação em nuvem, desenvolvimento ágil e centralidade no cliente.” Eficiência digital, explica Gon, é encaixar todas as peças desse quebra-cabeça. “Isso vai aumentar muito a eficácia das estratégias digitais, reduzir custos e prazos e acelerar a criação de valor para os consumidores.”
4. ESG com interseccionalidade
O Brasil está muito distante de cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, lembra Viviane Martins, CEO da Falconi. Para avançar, terá que dar atenção a todas as letras do ESG. “A governança tem sido um campo bem explorado pelas corporações, e a atenção para a questão ambiental cresceu nos últimos anos. Mas a temática social ainda se mostra um desafio”, diz Viviane. É preciso ver essas três agendas de uma maneira interdependente, diz a especialista. “Só assim elas poderão alcançar o desenvolvimento econômico sustentável sem deixar de cuidar do meio ambiente.” Ela também ressalta que o ESG deve ser trabalhado de maneira interseccional. “Deve permear o modelo de negócio, a estratégia, os processos, as operações e, principalmente, a tomada de decisão”, afirma.
5. Democratização da ciência de dados
Para buscar pontos de melhoria real em toda a cadeia produtiva, as empresas terão que disponibilizar ferramentas de análise de dados para um número maior de funcionários, diz Rui Bueno, diretor de pré-vendas da SAS. “Teremos mais pessoas com perfis diversos – e mais voltados aos negócios – acessando de maneira descomplicada análises até então reservadas a programadores ou cientistas de dados especializados”, afirma. “Fazer um modelo estatístico será tão fácil quando usar o Excel. É a democratização da ciência de dados.”
6. Aumento do orçamento de TI
Segundo pesquisa global da Gartner com CIOs, há uma expectativa de aumento de 6,3% no orçamento de TI para a América Latina. “É um aumento muito significativo comparado às outras regiões globais, sendo que o Brasil tem muita representatividade no contexto da América Latina”, diz Claudio Chauke, do Gartner. A pesquisa também indica que o investimento em segurança cibernética está entre as três principais prioridades da região para 2023 – o tema foi citado por 31% dos entrevistados. “Em relação aos investimentos em tecnologia, há uma grande concentração em IA, nuvem e plataformas de desenvolvimento de experiências.”
7. Mercado ainda mais avesso ao risco
2022 foi um ano de maior cautela em relação ao investimento em startups, depois da abundância de venture capital e recordes nos anos anteriores. Para Breno Barros, da Falconi, o mercado estará ainda mais avesso ao risco neste ano, olhando para as inovações de forma mais pragmática e menos transformacional. “Dado o contexto nacional e global de recessões, aumento de juros, menos capital disponível e redução de times, é importante que a alta liderança das empresas esteja alinhada em relação ao valor estratégico das áreas de inovação”, diz Barros. Segundo ele, unicórnios não serão mais o foco dos investidores de risco. “Agora é hora de combinar crescimento com eficiência. A escala a qualquer custo, focada apenas em fomentar valuation, será cada vez menos interessante.”
8. Crescimento do AI TRiSM
As empresas de maior sucesso serão as que aplicarem o gerenciamento da confiança, do risco e da segurança da inteligência artificial – o AI TRiSM, na sigla em inglês. O Gartner define AI TRiSM como um modelo de governança em que a inteligência artificial é confiável, justa, robusta e eficiente – e ainda respeita a privacidade dos usuários. Para a consultoria, os departamentos de TI das empresas devem investir tempo e recursos para garantir o funcionamento do AI TRiSM. “Quem não fizer isso correrá mais riscos de experiências negativas e falhas nos sistemas. Os modelos não funcionarão como deveriam, haverá perda de reputação e indivíduos poderão ser prejudicados”, diz o relatório da companhia.
9. Escalonamento de soluções verticais
Para acelerar ofertas verticais, aumentar o ritmo da entrega de produtos e ativar a conectividade em todos os lugares, mais de 50% das empresas usarão plataformas de nuvem, segundo o Gartner. Além disso, para reduzir o atrito, as companhias vão começar a construir plataformas operacionais que façam a ponte entre o usuário e os serviços de apoio nos quais eles confiam. “Quanto mais pontos de atrito uma organização tiver, pior será o desempenho e a retenção de talentos. Ao remover o atrito e investir em habilidades digitais, as organizações podem criar uma força de trabalho mais engajada e equipada para sustentar seu desempenho futuro”, diz Claudio Chauke, vice-presidente de serviços executivos do Gartner.
10. Engajamento por superapps e metaverso
Em 2023, será necessário mudar o modelo de negócios, levando em conta que o engajamento com funcionários e clientes deve migrar para novos formatos, como os superapps, a IA adaptativa e o metaverso. Breno Barros, da Falconi, sugere atenção a um mindset ágil. “É comum que, em momentos mais austeros e pragmáticos, as empresas deixem de investir em inovação. Mas isso é um erro”, diz. “Veremos investidores com um portfólio mais diverso, equilibrando aportes entre negócios com inovação incremental, inovação adjacente e inovação transformacional.”
Fonte: epocanegocios