Compradores confiam em vendas mais altas neste semestre
Boa parte dos compradores brasileiros acredita em alta de até 30% nas vendas neste semestre, apesar de o desempenho do comércio nos últimos 12 meses ser classificado por eles como fraco. Eles preveem uma recuperação do consumo, tanto que, na 14ª Eletrolar Show, muitos fizeram pedidos mais volumosos na comparação com a edição anterior, até pela maior facilidade que encontraram nas negociações.
Considerada vitrine do mercado pelos compradores, a feira teve lançamentos em todas as áreas, incluindo inteligência artificial para a casa conectada, televisores smart de altíssima resolução e altas polegadas, robôs, acessórios para celular, incluindo carregadores de indução e turbo, e máquina de cortar película. A presença da Xiaomi impactou positivamente muitos compradores.
A demanda reprimida, a evolução dos produtos e as grandes datas estimulam as vendas, disseram os compradores, ressaltando, porém, que o atendimento tem que ser muito especial para cativar o consumidor. Hoje, o consumidor pensa duas vezes antes de comprar. Escolher os produtos nem sempre é muito fácil, comentaram os compradores, devido à grande quantidade de opções.
Os tempos mudaram
Foi-se a época que bastava apenas usar o tino comercial para equipar uma loja, contaram os compradores ouvidos na feira. Hoje, um bom profissional só deve ir a campo conhecendo suas planilhas e o comportamento do seu consumidor e da concorrência. Deve, também, buscar muita informação para transmitir aos vendedores, já que o consumidor atual, na maior parte das vezes, já sabe tudo sobre o produto quando chega à loja.
“Antigamente, o comprador atuava com o seu tino porque não dispunha de relatórios complexos, mas agora a situação é diferente. Ele precisa estar sempre bem informado sobre tecnologia, pois a evolução é constante”, disse Sérgio Rech, presidente de Lojas Becker, um dos maiores grupos do Sul do país, que tem 250 lojas no Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina.
Na feira, chamaram a atenção do presidente os lançamentos atrelados à inteligência artificial e os televisores com telas de altas polegadas. Neste semestre, quando projeta crescimento de 10% nas vendas, Sérgio aposta em boas vendas dos produtos de ventilação e refrigeração devido ao calor, como ventiladores e aparelhos split de ar-condicionado.
Sempre alerta
“O comprador tem que sair da cadeira e buscar informação. Às vezes, o cliente tem muito mais conhecimento do que a gente. Ficar parado significa estagnação”, disse Celso Ricardo Szesz, gerente de operações comerciais e compras de Lojas MM, rede com 220 unidades no Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e São Paulo, e visitante assíduo da feira. “É uma vitrine muito boa, todo ano nos surpreende, e nela fazemos networking.”
Na feira, ele aprovou os televisores 8k e os lançamentos de telefonia, com novas marcas. “Geram uma boa competição no mercado interno”, disse Celso, que espera aumento das vendas de televisores e da linha gamer. Além das lojas físicas, a rede atua no atacado e, há 11 anos, no e-commerce. “A parceria com outras plataformas é importantíssima”, destacou Celso Ricardo. No varejo físico, móveis, eletros e linha branca são os mais vendidos. O canal online vende mais linha branca e celular.
Diretor da IFix Tecnologia, que tem sete lojas em Belém (PA), Hiago Gabriel, contou que fechou muitos negócios na feira e está otimista. “Acredito em vendas 30% maiores até o Natal sobre o mesmo período de 2018.” O executivo elogiou a qualidade e durabilidade dos produtos, como os cabos de dados com metal e cobre. “São mais caros, mas o consumidor prefere. Hoje, ele também investe em película para proteger mais o seu smartphone.”
Valor das novidades
Comprador da rede Casa e Vídeo, com 100 lojas, a maior parte no Rio de Janeiro e as demais no Espírito Santo e em São Paulo, gostou de ver a Xiaomi na feira. “Foi uma grata surpresa. É uma marca nova no mundo do celular. A gente vem à feira para entender a perspectiva de produto dos fabricantes, as tendências de mercado e as oportunidades de negócios”, disse ele, que também se interessou pelos carregadores por indução.
Por necessidade da profissão, o comprador precisa se atualizar frequentemente. Assim é importante que esteja próximo do fabricante, observou Diego, que este ano fez bons negócios e em número superior aos da edição anterior da feira. “Ela evoluiu bastante, e as marcas estavam mais preparadas para novos negócios. A feira tem de ser um misto destes dois cenários: apresentar o produto e proporcionar negócios”, observou.
Dono da Discultura, maior loja de Itaberaba, no interior da Bahia, Gervison Queiroz vende, em 6.000 m², eletroportáteis, eletrônicos, linha branca e informática, incluindo telefonia e computadores. “Para alavancar as vendas da linha de informática, estamos entrando no mercado online e colocaremos os produtos em marketplaces”, contou ele na feira. Seu princípio é que o bom profissional compra bem quando consegue melhor custo e prazo alongado, e entende, ainda, as necessidades do consumidor.
Online aquecido
Com 90 lojas físicas no Estado do Rio Grande do Sul, a rede TaQi atua também com e-commerce próprio e em marketplaces. “As vendas online estão bem mais aquecidas do que as das lojas físicas. Elas vêm apresentando um crescimento bastante satisfatório”, afirmou o comprador da rede, Thiago Gilberto Paulo dos Santos.
O portfólio da empresa é formado por diversas categorias de eletrodomésticos, eletrônicos, telefonia e climatização. “Neste semestre, apostamos bastante nas linhas gamer. Acreditamos que as vendas desse segmento seguirão crescendo, tanto que estamos investindo nele mais a fundo”, disse Thiago, que prevê, em 2019, crescimento de 10% das vendas em cada canal em relação ao ano passado.
A Tecnovos, que tem três lojas físicas em Natal (RN) e há seis anos está no e-commerce, trabalha com 25 categorias de produtos e acredita no bom desempenho de celulares e itens de informática. “Esperamos ampliar as vendas neste semestre, e a principal aposta é em eletrônicos. A expectativa é que a procura seguirá aquecida até o final do ano”, contou o presidente da empresa, Dênis Alves da Silva, que esteve na feira em busca de lançamentos e novos fornecedores.
Itens fortes
Na categoria de acessórios mobile, película e capa são itens fortes. “Antes, as pessoas não investiam tanto neles, mas agora sim, até porque têm mais valor agregado. Além disso, trocar a tela do celular ficou muito caro”, destacou Ygor dos Santos, analista de compras da Rede Cellairis, que tem 50 lojas no Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Minas Gerais. Ele foi à feira para conhecer novas empresas e produtos e rever parceiros.
O comprador Pedro Paulo Toledo, da Mobiliadora Novo Lar, que tem 34 lojas nos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo, visitou a Eletrolar Show pela primeira vez e confessou ter ficado “deslumbrado” com o que viu. Em sua opinião, as vendas deste semestre deverão se concentrar em geladeiras e televisores. “Serão os mais vendidos, e nossa expectativa é de incremento de 5% em relação ao ano passado.”
Também do Espírito Santo, a Cachoeiro Eletro, que vende linhas branca e marrom, eletroportáteis, informática e telefonia, visitou a feira, como faz há seis anos. “Sempre à procura de novidades, tecnologias, lançamentos e para ver para onde caminha o varejo”, disse Jorge Luiz Chamon, sócio-diretor. Com duas lojas, em Cachoeiro do Itapemirim e Marataízes, ele fechou negócios na Eletrolar Show. “É a oportunidade de negociar direto com quem fabrica ou distribui. Isso facilita muito, a negociação é melhor.”
Boas perspectivas
Com atuação unicamente digital, via e-commerce próprio e em marketplaces de grandes varejistas, a MegaMamute Comércio Eletrônico comercializa 5 mil itens, entre eletrônicos, informática, telefonia, eletrodomésticos e eletroportáteis. “Atualmente, a categoria mais aquecida em vendas é a de televisores, responde por 70% do faturamento”, disse o comprador No primeiro semestre, a empresa faturou R$ 250 milhões, alta de 80% sobre o mesmo período de 2018.
A confiança da companhia está assentada na Black Friday, no Natal e no pagamento do 13º salário, informou Jonatas, que por muitos anos trabalhou em loja física. “No e-commerce, a dinâmica de vendas é bem mais acelerada e muito dependente de boa divulgação, preço certo e bom valor de frete.”
Boas vendas também é a aposta de Márcio Souza, proprietário da Distribuidora RioCell, estabelecida no Rio de Janeiro. “Nossa expectativa é bem positiva, acreditamos em aumento de 30% nas vendas de acessórios ligados à telefonia, neste semestre. É uma tendência.”
Aposta em produtos
Compradora do Grupo Angeloni, que conta com 26 lojas físicas no Paraná e em Santa Catarina e atua também no e-commerce, Janaina Meneses, compradora de eletroportáteis, acredita que aspiradores de pó e máquinas de café espresso serão os produtos mais procurados pelos consumidores neste semestre. “Os blenders deverão vender bem.”
Comprar e vender em alinhamento com o mercado é o que o comprador precisa fazer para não ficar com excesso de estoque, diz ela, que está na profissão há 11 anos. “Hoje, as negociações são mais difíceis. Há muitos players brigando para ver quem tem o melhor preço. O comprador também precisa ter feeling comercial e se relacionar muito bem.”
A expectativa de vendas é positiva neste semestre também para capas, carregadores e películas, contou Leilane Toffoli, sócia de Capinhas Fofas, que tem três lojas no Estado da Bahia e há oito anos está no e-commerce, onde a empresa começou. Atua, também, no marketplace. “Na feira, fechamos bons negócios, estreitamos os laços com as empresas com as quais já tínhamos contato e ampliamos o leque de fornecedores.”
Expectativa otimista
Lojas Volpato, que tem 43 unidades físicas e está iniciando a operação de e-commerce próprio, atua nos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina com toda a linha de eletrodomésticos, telefonia, som, imagem e móveis. A rede está otimista para este semestre, disse Lenirce Agostinetto, gerente de compras. “As linhas de telefonia e eletroeletrônicos estão aquecidas, e este movimento deve se intensificar. Esperamos crescimento consolidado de 10% em 2019 ante 2018.”
A empresa esteve na Eletrolar Show com o objetivo de prospectar novas oportunidades de negócios, buscar lançamentos e conhecer fornecedores. Gostou do resultado e da estrutura da feira. “É um evento que deve ser visitado por todos que atuam no mercado de eletroeletrônicos”, relatou Lenirce.
Com oito lojas em Brotas (SP) e atuação no e-commerce, o Marciu’s Magazine trabalha com móveis, eletrodomésticos e presentes. “As lojas físicas vendem mais, mas a virtual ajudou muito alguns produtos. Talvez daqui a 10 anos ocorra o contrário”, disse o diretor da empresa, Márcio Levoratto, que acredita no feeling de comprador. “Mas ele precisa ficar muito antenado para os produtos não encalharem. Hoje é difícil, os modelos mudam muito rápido, e é importante saber para quem ele está comprando.”
Crise no fim
A Rede Morelar, que tem 10 lojas e um centro de distribuição no Espírito Santo e trabalha com telefonia, eletrodomésticos e eletroeletrônicos, acredita que as vendas do segundo semestre serão melhores do que as do primeiro. “A crise começa a demonstrar que está no fim”, disse o sócio-proprietário, Ronaldo Moreira.
Dos produtos, os mais procurados são os celulares. “Eles são essenciais para o consumidor, mas a linha branca e os eletroportáteis também registram boas vendas”, contou Ronaldo, que foi à feira à procura de negócios e produtos. “A Eletrolar Show é primordial.”
Especializada em itens de áudio e acessórios para celular, a HR, de São José dos Campos (SP), opera no físico e no virtual. “As vendas do e-commerce representam 50% do nosso faturamento”, disse o dono, Hélio César. Para ele, a facilidade de o consumidor pesquisar preços dentro da loja estimula as vendas online. “Está mais difícil o varejo de balcão concorrer com o e-commerce, este tem custos menores.”
Gamer em alta
Rede de varejo no segmento de informática, com 13 lojas físicas no Rio Grande do Sul, a Digimer Produtos de Informática opera com e-commerce e televendas e está confiante nas vendas deste semestre. “Principalmente do segmento gamer, que está muito aquecido, e dos cartuchos de impressoras, nosso carro-chefe”, disse a compradora Aline Duarte.
A empresa mantém uma parceria muito forte com seus fornecedores, que, muitas vezes, ajudam-na a fazer uma escolha que seja a mais assertiva possível. Na hora de comprar linha gamer, acrescenta os jovens ao diálogo, conta Aline. “Já fiz compra com feedback de adolescentes e deu muito certo. Precisamos estar sempre preparados e atualizados.”
Com 11 lojas no interior da Bahia, Thalisson Alves dos Santos, sócio da Rede Casas Ramalho, cujo foco é computação, celular e áudio, comprou na feira 30% a mais do que no ano passado. “A Eletrolar Show é a melhor vitrine que eu conheço, acompanha sempre a tecnologia. O comprador, hoje, deve ter cautela, pois o faturamento começa na hora compra. Só assim podemos vender melhor.”
Novo caminho
Há cinco meses, um grupo de varejistas da Bahia e de Pernambuco, representante de 44 lojas no total, se uniram para criar a Rede Casa. Para esta rede de compras, criaram um único CNPJ. Juntos, negociam produto, valor e transporte, conforme a região e o perfil do público consumidor.
“Foi a forma que encontramos para sair da posição de desvantagem frente às grandes redes”, disse Luciano Cavalcante Leal, da Eletroleo, que vende linha branca e eletroportáteis. “Todos crescemos em média 20% depois da união. Este é o caminho”, afirmou Laércio Nopa Azevedo, da Casa Petrônio. Por enquanto, o grupo atua com lojas físicas, mas já estuda a abertura de um e-commerce na Paraíba, onde o incentivo fiscal é melhor.
Vender 30% a mais neste semestre ante o mesmo período de 2018 é o que espera Carlos Martins, proprietário da Distribuidora Eletroimport, de Porto Alegre (RS), que atende médios e pequenos lojistas. “Hoje, com a gama de ofertas, o comprador precisa conhecer tendências, embalagem e acabamento. Um ponto positivo é a qualidade dos produtos, que melhorou. Chega do descartável.”
Proprietária da Okay Soluções em Tecnologia, em São José do Rio Preto (SP), Danielle Singolani comprou na feira 20% a mais de acessórios em relação à edição anterior. “Esses produtos vendem, as pessoas utilizam muito o celular e querem evolução em tudo. Novidades slim, com aparelhos menores e leves, são muito bem-vindas”, disse Danielle.
Fonte: Revista Eletrolar News ed. 132