Executivos falam com otimismo sobre o futuro da casa conectada no Brasil
Entrevista com nomes da Samsung e Positivo mostra expectativa das empresas sobre as projeções para o futuro dos dispositivos smart
Imagine só acordar e ter, sem precisar apertar um único botão, as cortinas levantadas, o ar-condicionado desligado, o cheiro de café recém-feito se espalhando pela casa e, até mesmo, informações sobre o clima e a temperatura do dia nas primeiras horas da manhã. Parece o início de um filme de ficção científica, mas pode ser apenas uma rotina programada por um assistente virtual em conjunto com dispositivos inteligentes.
O que antes parecia um futuro caro e quase distante, hoje já faz parte da rotina de milhares de lares ao redor do mundo. Só no Brasil, segundo dados divulgados pela Associação Brasileira de Automação Residencial e Predial (Aureside), há mais de 300 mil casas com dispositivos inteligentes, e o número tende a aumentar, uma vez que as grandes marcas de tecnologia estão se esforçando para tornar seus produtos smart ainda mais acessíveis aos consumidores.
A expectativa do mercado é alta com essa popularização. Tecnologia e Games conversou com Ricardo Tavares, gerente sênior da divisão de Home Appliances da Samsung Brasil, e José Ricardo Tobias, head da Positivo Casa Inteligente, sobre as projeções para o futuro dos dispositivos smart voltados para o lar.
Para crescer e conectar
“Todo o produto com tecnologia capaz de facilitar a vida do usuário se torna um objeto de desejo para os consumidores”, afirma Ricardo Tavares, da Samsung.
A empresa sul-coreana é uma das que está tentando deixar o sonho da casa tecnológica ainda mais democrático e mostrou isso em seu estande na Consumer Eletronics Show (CES) 2023, no início do mês, dos Estados Unidos.
Foi apresentado ao público, além do catálogo de seus produtos de casa conectada (com geladeiras, robô aspirador, entre outros), o SmartThings Station, o novo hub doméstico inteligente da fabricante que, além de conectar todos os aparelhos smart em um único local, também faz vias de carregador sem fio e rastreador de celular.
“O SmartThings Station é um ótimo exemplo desta praticidade. Quando o usuário liga o dispositivo pela primeira vez, mensagens pop-up aparecem em seu smartphone Samsung Galaxy para guiá-lo pelo processo de conexão sem complicação com outros dispositivos smart ao redor. Também é possível escolher a opção de integrar dispositivos de forma eficiente com uma simples leitura de código QR utilizando a câmera de um smartphone”, explicou o executivo.
Para ele, o brasileiro está ficando mais curioso em relação a esse tipo de segmento. “No Brasil, hoje, uma parcela da população tem interesse por inovações e existem produtos cada vez mais acessíveis do ponto de vista da tecnologia. Os consumidores buscam praticidade, facilidade e economia em suas tarefas cotidianas”, disse.
Assim como Tavares, o responsável pela divisão de Casa Inteligente da brasileira Positivo, José Ricardo Tobias, também está animado para ver novas aplicações e produtos dominando espaços, como cozinhas, áreas de serviço e até banheiros.
“Aqueles que já são engajados com a tecnologia tendem a continuar complementando suas casas, com soluções cada vez mais robustas e interativas. Com essa evolução, a tendência de interoperabilidade entre produtos e fabricantes deve se consolidar, assim como a tendência de expandir a presença de soluções para novos ambientes domésticos que ainda não ‘inteligentes’”, disse ao blog.
Em 2022, uma pesquisa feita pela International Data Corporation (IDC) apontou que cerca de 40 milhões de dispositivos domésticos inteligentes devem ser vendidos na América Latina, um crescimento de 13,1% em comparação a 2021. Outro estudo, dessa vez feito pela Statista, também prevê um crescimento de 20% para o mercado brasileiro nos próximos anos.
A empresa brasileira também participou da CES 2023 e apresentou ao mundo em conjunto com a Amazon, a Smart Lâmpada Wi-Fi com Configuração Livre de Frustração. Um produto desenvolvido em conjunto com o time da Amazon Alexa que já vem com as informações de autenticação na rede Wi-Fi e se conecta diretamente com a assistente virtual.
Benefícios de investir em um ecossistema inteligente
Outro ponto destacado pelos executivos são os benefícios de se construir um ecossistema inteligente em casa, que vão desde a praticidade de não ter que ir até o interruptor e apagar as luzes até programar eletrodomésticos para iniciarem rotinas, como começar a cozinhar algo ou fazer café. “Há, ainda, a possibilidade de dar um simpático ‘oi’ ao seu pet, quando bater a saudade do bichinho no meio do expediente, usando o aplicativo e as câmeras com áudio bidirecional”, completa Tobias.
Para ele, “Uma casa conectada ou inteligente é uma casa que funciona por meio de produtos IoT (Internet of Things; em português, Internet das Coisas), entrega benefícios adicionais a seus moradores, como conforto, praticidade e segurança, ou ajudam a suprir necessidades específicas. Como a visão de benefícios e necessidades é muito particular, não há um conjunto básico de produtos que necessariamente precisem ser instalados para que a casa possa ser considerada inteligente. Basta que existam produtos conectados auxiliando no dia a dia doméstico, agregando valor na vida das pessoas e famílias brasileiras”, explica.
O que também deve ajudar a popularizar o uso desses objetos é a expansão da rede 5G. A internet de quinta geração começou a funcionar no Brasil no ano passado e é a promessa de um uso ainda mais intenso desses dispositivos smart.
“A conexão de 5G abre uma série de possibilidades do ponto de vista de tecnologia e inovação. Acreditamos que ela iniciará uma revolução na gama de produtos e serviços conectados pela Internet das Coisas, Internet das Habilidades e Internet dos Corpos […] Teremos a capacidade de absorver um maior número de dispositivos na mesma rede. Isso porque a tecnologia 4G, apesar dos avanços e rapidez, ainda impõe uma barreira no desenvolvimento e inserção de dispositivos “inteligentes” no mercado. O 5G vai fornecer mais estabilidade, fundamental para uma experiência ininterrupta de dispositivos que exigem conexão com a internet, além da rapidez, o que vai impactar principalmente nos produtos de Home Appliance”, afirma Ricardo Tavares.
Por Katarina Bandeira (@katarinices) / folhape.com.br