Mercado de TIC deve crescer 4,9% no Brasil em 2020, segundo a IDC Brasil
Em 2020, o mercado de TIC no Brasil deve crescer 4,9%. A estimativa é da IDC Brasil, líder em inteligência de mercado, serviços de consultoria e conferências com as indústrias de Tecnologia da Informação e Telecomunicações, que tradicionalmente realiza o estudo IDC Predictions, antecipando as tendências e movimentos de mercado para os 110 países em que atua. O mercado brasileiro de TI deve seguir com alta de 5,8% por conta do crescimento do mercado de nuvem e da aceleração no mercado de software, o mercado de telecomunicações terá crescimento discreto de 0,7%, impulsionado pelos serviços de dados, e no mercado corporativo a TI crescerá 7,6% em 2020.
“O desafio para equilibrar a estabilidade política com a falta de estabilidade econômica continua, com projeções para o PIB brasileiro de 2% a 2,5%. O mercado de TI deve acompanhar este crescimento”, afirma Pietro Delai, gerente de pesquisa e consultoria em Cloud e Software da IDC para a América Latina.
Em relação aos investimentos em TI, especialmente em hardware, software e serviços de TI, devem aumentar 10% até 2021. Na avaliação da IDC Brasil, a importância do software está crescendo na América Latina, que, neste ano, deve representar 18% dos investimentos em TI. Serviços de TI devem representar 22% em 2020 e hardware ficará com a fatia maior dos investimentos: 60%. Já o mercado de nuvem pública registrará maior crescimento nos serviços de plataforma (PaaS), que aumentarão 46,7% entre 2019 e 2023.
No varejo, a previsão da IDC Brasil para 2020 é a expansão do mercado de produtos inteligentes. Para Reinaldo Sakis, gerente de consultoria e pesquisa em Consumer Devices da IDC Brasil, o mercado de smart speakers está com novos dispositivos e características, como a capacidade de entender comandos em português do Brasil. A previsão da IDC para o segmento é de alta de 50% em unidades e mais de 40% em valor (US$).
Para o mercado de wearables, a IDC espera maior volume de ofertas de produtos para o usuário de médio poder aquisitivo e, naturalmente, mais vendas no Brasil para esse público. “A expectativa também é de entrada desses produtos no segmento corporativo, algo que até então não vimos no Brasil. Alguns exemplos são wearables sendo usados na indústria ou na área da saúde”, afirma Sakis. Em números, a previsão para o mercado de wearables é de aumento de 62% em unidades vendidas, com 498 milhões, e 71% em valor (US$).
Segundo o gerente de pesquisa da IDC Brasil, os dispositivos domésticos conectáveis, mais conhecidos como dispositivos de smart home, também tendem a crescer com ofertas de segurança e vigilância, além de outras funcionalidades para casas. A expectativa é crescimento acima dos 55% em unidades, chegando a 40% em valor (US$), por conta da redução de alguns preços e maior competição.
No segmento corporativo, a adequação à Lei Geral de Proteção de Dados é pauta importante. Segundo a IDC, a previsão é de alta em investimentos em segurança, alavancada por consultorias de negócios, como as especializadas no segmento, e outros serviços especializados, como de integração de novos recursos, capacitação e treinamento, com crescimento esperado de 9,6% em 2020, atingindo US$ 456 milhões. “Quase 60% das organizações terão a LGPD em sua pauta estratégica neste ano e quase 2/3 das empresas estarão em processo de adequação ao longo do ano”, afirma Luciano Ramos, gerente de pesquisa e consultoria para o segmento Enterprise da IDC Brasil.
Segundo ele, a definição de papéis está mais clara e mais de 75% das empresas devem criar um cargo de direção voltado à área de privacidade. “Além disso, em 2020 surgirão muitas solicitações de privacidade, com empresas tendo de descartar informações mantidas de forma inadequada, na medida em que os usuários também se movimentam para controlar o uso de suas informações”, diz Ramos.
Neste ano, o modelo Device as a Service, ou dispositivo como serviço, vai gerar uma ampla gama de oportunidades de negócios. O mercado corporativo deve investir R$ 2 bilhões em dispositivos e o mercado de Device as a Service terá participação de 12% do valor dessas vendas. Para a IDC, o mercado corporativo apresenta mais oportunidades de médio e longo prazo na venda de dispositivos do que o mercado de consumo. “Atualmente, as pequenas e médias empresas são o motor de crescimento deste tipo de oferta”, afirma Sakis. Segundo ele, essa é uma alternativa para empresas que vendem hardware, conectividade ou um outro tipo de solução e querem ampliar sua oferta. “Quando o mercado entra em um nível de maturidade e apresenta baixos índices de crescimento, todos procuram alternativas e essa parece ser uma boa oportunidade. O cliente fica com a melhor máquina disponível no mercado e paga uma mensalidade para uso, manutenção e atualização”, diz.
Outra previsão para 2020 é o aumento no uso de soluções de software voltadas para analytics e inteligência artificial. Esse mercado deve crescer 11,5%, somando US$ 548 milhões este ano. Ainda segundo o gerente de pesquisa e consultoria para o segmento Enterprise da IDC Brasil, Luciano Ramos, as ferramentas Open Source ganharão espaço nas empresas, que querem mais autosserviço e maior autonomia na criação de seus ambientes de Analytics e IA. Além disso, a Inteligência Artificial continuará sendo tema central, em especial na automação do atendimento ao cliente.
A nuvem continua em pauta em 2020. Para a IDC, a nuvem pública no Brasil deve alcançar US$ 3,5 milhões este ano, o que representa um crescimento de 36,6% em relação ao ano passado. A adoção de nuvem privada continuará em ascensão, fazendo com que este mercado atinja US$ 1,3 bilhão neste ano, impulsionado principalmente por empresas de grande porte e pela vertical de finanças.
No entanto, a tecnologia ainda vai gerar desafios de gestão, otimização e disponibilidade. A estimativa da IDC para 2020 é que os serviços gerenciados voltados para ambientes de nuvem totalizem R$ 1,2 bilhão, o que representa um crescimento de quase 40% contra o ano anterior. O valor é resultado da transformação de serviços gerenciados tradicionais para serviços voltados para ambientes em nuvem.
Segundo Luciano Ramos, o uso de múltiplas nuvens também gera maior necessidade de controle sobre os recursos utilizados nesses ambientes. Atualmente, das organizações que utilizam IaaS, ou infraestrutura como serviço, em nuvem pública, cerca de 41% fazem uso de mais de um provedor. Outro ponto em relação à nuvem é a necessidade de modernização das aplicações, algo que cresce no país. “Com isso, arquiteturas corporativas deverão ser atualizadas para integrar soluções de PaaS, ou plataforma como serviço, já que apenas 27% das aplicações estão modernizadas em arquiteturas Cloud-enabled”, diz o gerente da IDC Brasil. Para 2020, a IDC prevê a aceleração de PaaS, que deverá crescer 46% e alcançar US$ 678 milhões no Brasil. Esse efeito deve se estender ao longo de 2021 e 2022.
Ainda sobre modernização de ambientes, a IDC prevê também o uso de Containers em aplicações críticas – um método de virtualização em nível de sistema operacional para implantar e executar aplicativos. O uso da tecnologia deve sair de 18% em 2018 para cerca de 26% em 2020, com perspectiva de atingir 42% das aplicações em 2022. “Containers é a abordagem preferida para a modernização, mas, além do investimento necessário para modernizar, a familiaridade com a tecnologia ainda é uma barreira: pouco mais de 1/3 das empresas conhecem a tecnologia”, afirma Luciano Ramos.
Para o mercado de telecomunicações, a previsão da IDC é o SD-WAN alavancando a adoção de serviços gerenciados de rede e segurança no mercado corporativo. Mais da metade das empresas que possuem formação de redes de dados devem implementar alguma iniciativa de SD-WAN até o término do ano de 2020. A contínua adoção desse serviço resultará em um aumento de mais de 70% no uso de SD-WAN. “O crescente uso de banda larga, além dos novos modelos de contratação, estimularão cada vez mais a oferta combinada com serviços gerenciados”, afirma Luciano Saboia, gerente de pesquisa e consultoria de TIC da IDC Brasil.
Em 2020, a Internet das Coisas (IoT) será o elemento central da automação nas empresas. O crescimento desse mercado, que representará US$ 9,9 bilhões no ano de 2020, será próximo de 20%, considerando hardware, software, conectividade e serviços, segundo a IDC. “Em 2020, IoT se torna a ferramenta capaz de permitir que a automação seja efetivamente realizada na escala que as empresas precisam”, afirma Saboia.
Outra previsão da IDC para 2020 é a transformação das operadoras para acelerar a massificação de serviços digitais. As operadoras vão superar o patamar de 10% do mercado de serviços gerenciados de TI em 2020, com mais de uma entre os 10 principais. “As operadoras têm se empenhado em diversificar seus portfólios de serviços e soluções para se tornarem mais robustas e completas. Segundo Saboia, serviços gerenciados e serviços profissionais estão cada vez mais presentes nas ofertas para o segmento corporativo.
Sobre o 5G, a IDC Brasil considera que em 2020 a implementação da tecnologia ainda estará em discussão e o seu uso, se ocorrer ainda este ano, será incipiente. Já sobre o mercado de smartphones, que não entrou na lista de previsões deste ano, a IDC revela que seguirá registrando crescimento, mas que não influenciará o movimento do mercado de TI, como previsto em 2019.