Palestras do primeiro iSummit de IA para o Varejo realizado na 14ª Eletrolar Show
Vida inteligente com o Google
O Google se aperfeiçoou e agora está pronto para ser seu assistente pessoal e conectar a casa inteligente. Depois de muito treino, os algoritmos do programa de assistência de voz estão prontos também em português.
A plataforma disponível permite a conexão e o acesso ao controle de diferentes aparelhos, como televisor, aspirador de pó, lâmpada e cortina. Para Alessandro Germano, head of business development da empresa, está aberta a temporada do “manda o Google fazer”.
Hoje, há soluções sofisticadas que envolvem IA, disse Germano. “Temos um sistema de casa conectada com plataforma aberta, isto é, qualquer fabricante pode tornar o seu produto compatível com o Google.” Sobre privacidade, afirmou: “o usuário está sempre no controle e é capaz de dizer o quanto quer compartilhar com o Google”.
Realidade virtual é ferramenta de vendas
Especialista em realidade aumentada (AR), Alexandre Akira, da PlanXP, abordou cases que combinaram elementos do mundo virtual ao real, deram possibilidade de imersão digital aos clientes e se transformaram em ferramentas de vendas.
Para uma ação indoor no Shopping Bourbon, em São Paulo, ele criou uma temática com base no Pokémon. Fez o mapeamento com o beacon e, durante a ação, anunciou que havia um brinde aos participantes. “Ao mesmo tempo em que coletamos dados, entregamos algo em troca”, contou Alexandre.
Com o uso de sensores de movimento, a realidade aumentada é utilizada em ações de diversos tipos, especialmente de marketing. Ao interagir com produtos, estimula as vendas. Com a tecnologia, os lançamentos de uma empresa podem ser vistos em tempo real em um estande virtual.
O futuro cada vez mais perto
O mundo virtual invadiu a realidade, e a inteligência artificial vem revolucionando o varejo. “Ela oferece resultados personalizados, conecta produtos, promove interações e permite acompanhar a jornada do consumidor”, disse o presidente da I2AI, Alexandre Del Rey.
Desde o ano 2000, o mundo virtual ganha terreno, tanto que hoje se funde com o físico. Os dados criaram um novo universo, onde os ativos digitais são moeda preciosa. Interpretá-los permite obter economia de escala e pleno equilíbrio entre oferta e demanda.
No processo de compra, a inteligência artificial estará presente o tempo todo. Será um guia virtual do consumidor e, ao mesmo tempo, um mundo de oportunidades aos lojistas. “O varejo precisa estar preparado para isso, quem tomar a dianteira vai arrebatar mentes e corações”, afirmou Alexandre.
É preciso conhecer o cliente
Entender o que o cliente busca, numa época em que ele é mais informado, conectado e globalizado, é fundamental para o relacionamento, disse Alexandro Romeira, da D2l e cofundador da I2AI. “O cliente quer simplicidade, agilidade, inovação e compartilhar experiências.”
A geração de analytics permite identificar, entre outros dados, idade e gênero, mas o varejista precisa escolher seus objetivos e as melhores formas de marcar presença com o seu cliente digital. Os chatbots, por exemplo, são uma alternativa interessante.
“Os chatbots ajudam, mas o varejista deve se perguntar onde essa tecnologia é aplicável à sua estrutura. É preciso criar experiências, cultura de dados, construir chatbots com escopo delimitado, trabalhar fortemente para treinar a máquina e monitorar as conversas”, explicou Alexandro.
Tecnologia não é ameaça, mas complemento
A inteligência artificial terá um papel cada vez maior no varejo, disse Álvaro Manzione, sócio-diretor da Pluginbot, em sua palestra no Isummit, quando abordou a era do intangível. “Os robôs podem ter IA, geram dados, evoluem da mesma forma que os celulares e atuam em todas as fases, da produção à entrega de um bem.”
Os robôs terão várias funções, e a China irá liderar esse segmento até 2030, na opinião do especialista. “É a hora do Brasil. A China pode trazer os hardwares e aqui colocaremos os softwares. É uma forma de darmos saltos para utilização da tecnologia no varejo.”
Muitos empregos rotineiros serão ocupados pelos robôs, mas isso não deve ser motivo de alarme, disse Álvaro. “É preciso entender que a tecnologia não ameaça, mas complementa as coisas. Para os humanos, os trabalhos serão cada vez mais complexos.”
Produtos sob medida
O mundo smart, foco da LG Electronics, não existe sem IoT e IA. Hoje, a empresa direciona 70% de seu orçamento para a casa conectada, contou o gerente-geral de produtos móveis, Fabricio Habib. “Esperamos ter tudo o que se refere a ela.”
Essas tecnologias vão mudar o modelo de negócios da indústria e do varejo, afirmou Fabricio. “Permitirão à indústria entender como o usuário usa o produto, em que horário, área, frequência e dia da semana.” Um pequeno sensor no aparelho coleta os dados que dão meios para a empresa adaptar seus produtos.
“A LG está colocando elementos de inteligência artificial em cada item que fabrica”, disse o executivo. Os sensores, no entanto, precisam evoluir e conectar todas as coisas à internet. A chegada do 5G pode ajudar. O próximo passo é a inteligência artificial em rede.
A tendência é o comando de voz
As máquinas precisam conversar entre si para as pessoas terem mais qualidade de vida, daí a importância da internet das coisas. Quanto maior a automação de uma casa, mais tempo cada um terá para si, explicou João Paulo Rezende, gerente de produto da Semp TCL.
Com a entrada de novos players de tecnologia no mercado, a automação está ficando mais acessível e simplificada. “Google e Amazon estão mudando o jogo. Será cada vez mais comum uma pessoa comprar e configurar os itens para ter a casa conectada”, disse o gerente.
As empresas, por sua vez, se valerão muito da inteligência artificial. “O comando de voz é irreversível, as próximas televisões da TCL deverão ter microfone embutido para receber comandos de voz. A tendência é que esse tipo de comunicação dispense o controle remoto”, contou João Paulo.
A ajuda da IA nos preços do Magazine Luiza
Com mil lojas físicas e forte atuação no e-commerce, a rede usa a IA para a precificação dinâmica, hoje 100% automatizada. “Nosso robô vasculha diferentes parâmetros e cenários para encontrar qual é o melhor preço para cada produto, de modo que possamos conciliar margem com volume”, disse o gerente Guilherme Duarte.
No Isummit, ele deu exemplos da política de pricing. “Há produtos que são mais sensíveis a preço do que outros que nos permitem praticar margens maiores. Isso, o nosso robô interpreta de maneira instantânea. Há os considerados tabelados por todo o mercado e que oferecem menor elasticidade.”
Outro grupo é o dos produtos com ciclo de vida definido, caso do game Fifa 2019. É sabido que no próximo ano ele sairá de linha. Por isso, é preciso grande eficiência de pricing para a empresa aproveitar ao máximo o período de vendas.
Sem inteligência artificial, será difícil sobreviver
Competir no futuro sem inteligência artificial será muito difícil. Está provado que empresas que usam IA vendem 50% mais e melhoram o faturamento e a produtividade na mesma proporção ante as que ignoram os algoritmos. “Não é opcional, é questão de sobrevivência”, definiu o consultor sênior em IA e Big Data, Marco Lauria.
Independentemente da área de atuação, são inúmeras as vantagens de usar os dados gerados pela IoT, IA e Big Data. Marco lembrou que há quatro plataformas de Data Center – IBM, Google, Microsoft e Amazon – que comercializam os dados em formato de serviços e a preços acessíveis.
Exemplos práticos foram citados com o uso das tecnologias, como os robôs e assistentes virtuais que interagem com clientes em lojas, supermercados, centros de distribuição, hotéis e fábricas, e no app de smartphones.
Para democratizar o acesso à inteligência artificial
A democratização da inteligência artificial virá por plataformas na nuvem, como Watson, Alexa e Google Assistente. A experiência de uso computacional vai mudar muito, disse Norberto Maraschin Filho, vice-presidente de mobilidade da Positivo Tecnologia.
“Será desnecessário investir em equipamentos caríssimos como gamers, por exemplo, porque a nuvem assumirá o papel. Bastará a pessoa comprar o serviço e ter em casa um aparelho simples, um celular com boa tela, por exemplo, para se beneficiar da nova tecnologia”, explicou o executivo.
No Brasil, hoje, 20 milhões de pessoas se comunicam só por conexão 2G e SMS, o que levou a Positivo a lançar o primeiro celular com assistente de voz do Google. “Democratizar a IA começa com a inclusão de quem pode pagar R$ 279,00 em um celular 3G da categoria feature phone”’, disse Norberto.
Lei Geral de Proteção de Dados entra em vigor em 2020
Sancionada em 2018, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) passará a vigorar em agosto de 2020, quando as empresas terão que adotar novos padrões de compliance para garantir a privacidade e a segurança dos dados de cada cidadão.
O princípio de responsabilização objetiva é um destaque na lei. “Impõe obrigações aos agentes de tratamento de dados, responsabilizando-os perante os titulares das informações. Empresas que lidam com dados de clientes terão que indicar uma pessoa, física ou jurídica, para fazer a interface com o governo e os órgãos de fiscalização e controle”, disse Rafael Pellon, advogado da I2AI.
O descumprimento da lei implicará multa de até R$ 50 milhões por incidente ou 2% da receita anual da companhia no Brasil, no último ano. “Há atenuantes para a penalidade, mas todas terão que responder por falhas e uso indevido de informações”, afirmou Rafael.
Algoritmos otimizam estoques e geram lucros
É muito arriscado empatar capital de giro no estoque, bem como errar no cálculo e ter ruptura na loja. A empresa pode até fechar por causa disso. Entre 2017 e 2018, contou Robson Munhoz, vice-presidente de operações da Neogrid na América Latina, 200 mil lojas encerraram as atividades.
“A gestão automática da cadeia de suprimentos já é uma realidade, com o uso da inteligência artificial. Os sistemas sincronizam informações para atender à demanda e reduzir as falhas sobre o consumo real dos produtos. Também identificam o melhor local de armazenamento”, explicou Robson.
Um case de sucesso, devido à utilização da tecnologia, é o da Via Varejo. Graças às soluções com algoritmos, a empresa registrou queda de 30% na falta de produtos nos pontos de venda. Os estoques, por sua vez, encolheram 17%, liberando ativos.
Embalagem inteligente já é realidade
A importância da logística inteligente foi o tema de Rogério Junqueira, CEO da Reciclapac, no Isummit. Ele mostrou as soluções da empresa para atender a demandas de rastreabilidade, logística reversa e reúso, com destaque para a embalagem inteligente.
Trata-se de uma plataforma de gestão, que transforma embalagens passivas em inteligentes, ativas e conectadas. Um dispositivo nelas instalado se comunica via antenas, pela nuvem, com a plataforma de um computador. “Com esse dispositivo, temos acesso a informações como localização das caixas, temperatura e alerta de potenciais problemas”, explicou Rogério.
A empresa também desenvolveu uma metodologia para reaproveitamento de embalagens. Ela implementa processos de reúso, recupera embalagens logísticas descartadas, estende o ciclo de vida e reduz resíduos de forma efetiva.
Câmeras ajudam a vender
Com o uso de câmeras e inteligência artificial, é possível mensurar o comportamento do consumidor dentro da loja, estudar o fluxo, o mapa de calor, gênero, idade, sentimento e taxa de conversão. Afinal, ele entrou e comprou na loja física? Quais corredores visitou?
A solução DOD, que analisa a performance de uma loja, foi abordada pelo CEO da DOD Vision, Rufo Paganini. “Há bem pouco tempo, o computador não lia imagens. Agora, não. Entende padrões, posturas e analisa semblantes com a tecnologia do reconhecimento facial e da biometria” explicou.
Desenvolvida pela startup DOD Vision, a plataforma avalia as atitudes do cliente, sua postura frente à vitrine e a performance da equipe. Os relatórios fornecem ao empresário informações estratégicas de como aumentar as vendas, inclusive em tempo real.
De olho na geração Z, abuse da inteligência artificial
Levando em conta o potencial de compra do mercado nos próximos cinco anos, a Fast Shop lançou um autodesafio: implantar a inteligência artificial para melhorar a experiência de compra dos clientes, basicamente os millennials e a geração Z.
“O varejo não mudou em 30 anos, mas sim o marketing de experiência. É preciso estar em toda a jornada de compra do consumidor. Mas nenhuma tecnologia pode surgir antes da estrutura que envolve pessoas, processos e a política da empresa”, disse Vinícius Rodrigues, gerente de marketing.
O hub de tecnologia da marca está nos apps do cliente e do vendedor. O faturamento cresce em função das mudanças. “Analisamos estratégias e canais de comunicação. Os robôs do Google sinalizam a melhor mídia ao cliente realmente interessado no produto”, contou Vinícius.